Esta era a impressão que a minha mãe me transmitia: até começar a reconhecê-la era apenas uma sensação – «Isto é bom». Sem forma, sem cara, apenas uma coisa indefinida inclinando-se sobre mim e donde viria algo de bom... agradável... Ver a minha mãe era como olhar para alguém através da lente de uma máquina fotográfica. A princípio não se consegue distinguir nada, apenas uma mancha redonda nublada... surge então uma cara e as suas feições tornam-se mais nítidas.
A. R. Luria, "O Caso do Homem que Memorizava Tudo"
A infância é um tema difícil de estudar porque ninguém se lembra como foi. As primeiras percepções, as sensações, toda a relação com o mundo envolvente, se permanece com o individuo encontra-se profundamente enterrado num consciente difícil de atingir.